16 pessoas são condenadas à morte após matarem carbonizada garota que denunciou abuso sexual
Nusrat Jahan Rafi, de 19 anos, morreu em Abriu na cidadezinha de Feni, a 100km da capital Dhaka, em Bangladesh. O seu assassinato foi horrendo, chocou o país, e culminou em uma onda de protestos exigindo justiça.
O julgamento foi em tempo recorde, ainda mais considerando que julgamentos sobre esses casos duram anos no país. O promotor Hafez Ahmed disse que ficou provado que "ninguém pode assassinar e ficar impune em Bangladesh". Porém, a condenação não pode amenizar a dor de sua mãe. "Não consigo esquecer dela por um só momento", Shirin Aktar, mãe de Nusrat, disse, enquanto chorava após ouvir a condenação das pessoas envolvidas no assassinato.
"Ainda sinto a dor pela qual ela passou".
As investigações concluíram que, após Nusrat começar a denunciar o seu professor por abuso sexual, uma conspiração pra calá-la começou na pequena cidade, envolvendo o professor, colegas de classe, incluindo duas mulheres, e pessoas influentes na comunidade. Siraj Ud Doula já havia sido preso preventivamente pela suspeita de abuso, e da prisão, coordenou o assassinato de Nusrat.
O professor
Ela foi atraída por um colega de classe até o terraço de sua escola, "pra ver uma coisa", ou com qualquer desculpa assim, 11 dias após denunciar o professor. Nusrat foi cercada por 5 pessoas usando burcas, exigindo que ela retirasse as denuncias. Ela recusou, e por isso, foi queimada viva.
Os assassinos
Os assassinos queriam fazer que parecesse um suicídio. Ela, no entanto, mostrando ser valente, conseguiu fugir, apagar o fogo, e, agonizando devido às queimaduras, obteve ajuda na rua. Já no hospital, ela e seu irmão sabiam que sua situação era terrível. Muito provavelmente morreria. Mahmudul Hasan Noman, o irmão de Nusrat, então pediu que ela gravasse uma declaração em vídeo. Sacou o celular e começou a filmar. Ela disse: "O professor me tocou, e eu vou lutar contra esse crime até meu último suspiro". Então ela dá o nome de algumas das pessoas presentes no ataque.
80% do corpo de Nusrat foi queimado, e 4 dias depois, após ela ter lutado até o último suspiro, como prometeu, faleceu. Ao ouvirem a condenação, parte dos condenados começou a chorar, outros começaram a reagir violentamente. Os advogados disseram que vão recorrer.
Em Bangladesh, as penas de morte são executadas por enforcamento.